A Xiaomi chegou ao Brasil em junho de 2015 e em maio de 2016, a empresa chinesa oficializou sua desistência do mercado nacional. Muito se propagou sobre a sua saída, muitos fãs da marca se mostraram triste, se sentiram levemente enganados. Portais de tecnologias e revistas chamou a passagem da Xiaomi no Brasil de “fracasso”, mas eu tenho um outro ponto de vista e chamo de “estratégia de sucesso”, afinal a empresa se foi, os fãs ficaram e o consumo de produtos da marca por brasileiros apenas aumentou, literalmente a Xiaomi deixou o seu legado no Brasil.
Na sua chegada ao Brasil, a startup afirmou que suas vendas são feitas através do marketing natural, aquele que a empresa não faz qualquer investimento em publicidade, apenas desfruta de indicações de seus próprios clientes e fãs. A ideia da empresa deu certo! Mesmo trazendo celulares intermediários, praticamente ultrapassados no mercado chinês, não se via outra marca a ser indicada a não ser Xiaomi quando o assunto era celulares de entrada.
Em grupos sobre smartphones e tecnologia, o fenômeno Xiaomi se propagou como o fenômeno Moto G em 2013, chegava a ser chato ver tantas indicações. Os usuários tratavam os dois únicos modelos de celulares disponibilizados pela chinesa no Brasil como únicos, é como se não houvesse alternativas.
Diariamente os maiores portais de tecnologia do Brasil tinha uma matéria sobre a Xiaomi e com o passar do tempo, os usuários começaram a pressionar a empresa para que ela trouxesse smartphones melhores e mais dos seus produtos, a empresa resistiu. Essa resistência de imediato intrigou muitas pessoas e a maioria sem saber, culpava as nossas rígidas leis e impostos.
A estratégia da Xiaomi no Brasil deu certo
Coincidentemente, pouco antes da Xiaomi anunciar que não traria mais seus produtos para o Brasil, a lei do bem que dava descontos em produtos como celulares e computadores havia expirado e não tinha sido renovada pelo governo, a economia também não estava fluindo muito bem e o dólar estava disparado. Esse cenário poderia ser a justificativa ideal para o “adeus da Xiaomi”, exceto por um ponto: A Xiaomi nunca quis competir no Brasil. Prova disso foram seus produtos limitados e a dificuldade que ela colocava para a venda dos seus produtos.
Definitivamente no cenário em que o Brasil se encontrava e com smartphones e pulseira a preço de custo de importação, a Xiaomi pode não ter lucrado, pois a estratégia era outra: Fazer com que brasileiros conhecesse a marca e importasse seus produtos.
A empresa usa a mesma estratégia em outros países. Diferente da Samsung, Sony, LG ou Apple que lança seus produtos mundialmente, a Xiaomi limita seus produtos aos mercados asiáticos, levando poucos produtos para países em que ela opera. Isso faz com que mais pessoas conheçam a marca e continue consumindo seus produtos através da importação e é aí onde ela lucra.
Quando as especulações sobre a chegada da Xiaomi ao Brasil começou, usuários criaram grupos no Facebook sobre a marca. Os grupos rapidamente cresceram. O que a princípio era um local de discussão sobre os aparelhos da marca, tornou-se um caminho para a importação de produtos dela.
Hoje o maior grupo do Facebook sobre a marca, o Xiaomi Brasil 2.0 está com pouco mais de 27 mil membros e semanalmente, pelo menos 1 mil usuários solicitam participação no grupo. Afinal, se a empresa fracassou, sua estratégia falhou como muito se diz por aí, por que os grupos sobre a marca continua crescendo? Em grupos de importação, nunca uma marca foi tão badalada como a Xiaomi é atualmente. Pessoas de todas as idades procuram nesses grupos um Xiaomi ideal para importar, e isso não acontece só no Brasil.
Por fim, esse é o meu ponto de vista.